segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O caso Maddie e a comunicação social

No dia 3 de Maio de 2007, desapareceu Madeleine McCann, uma criança inglesa de 3 anos de idade, do hotel Ocean Club, na Praia da Luz, Algarve. Este acontecimento, quase insignificante, no panorama Mundial é hoje considerado por muitos como uma “Noticia Global”, tal a sua divulgação. Mas por que razão o desaparecimento de uma criança, algo infelizmente banal nos dias de hoje, se tornou numa notícia tão falada em todo o mundo? São muitas as dúvidas e os mistérios envoltos em torno do sucedido, não só no desaparecimento em si, mas também pela extraordinária divulgação deste caso.O “Caso Maddie” foi desde o inicio um feito que apaixonou “o povo”. A tristeza, os apelos e a angústia dos pais que haviam perdido a filha, mereceram desde cedo a compaixão de todos os portugueses, em especial, que rezando e sofrendo com eles, aguardavam o regresso rápido de Madeleine.Mas o desaparecimento da menina inglesa rapidamente passou de uma simples notícia para algo que se pode chamar de um fenómeno comunicacional, sendo divulgado por todo o mundo. Pelo que nos foi transmitido pelas televisões haviam jornalistas das várias partes do globo, na Praia da Luz, que montaram os seus próprios “estúdios” ao ar livre para não perderem nada desta história.O chamado “Caso Maddie” tinha todos os “ingredientes” para uma grande novela mediática: um rapto misterioso; uma suspeita de pedofilia ou até mesmo de morte; uma criança bonita; um elevado estatuto social, e além disto tudo, pode-se juntar ainda mais uns ingredientes para fomentar o caso: são estrangeiros ingleses, de férias e católicos (bem ao gosto português) que, finalizando com um pouco de fé e emoção e, uma pitada de polícia à mistura, concluí a nossa “receita”. Tempere-se ainda com uma assessoria profissionalizada e um envolvimento político que são a cereja no cimo do bolo. Nada mais simples e eficaz para condicionar romarias de curiosos à Praia da Luz.Para além de outros aspectos já mencionados e que condicionaram o desenvolvimento da história, acrescente-se, ainda, o estatuto social dos pais de Madeleine, a atenção dada pelos meios de comunicação social estrangeiros e a crise na imprensa escrita, como sendo os três factores-chave para o rumo que este caso tomou.O estatuto social de Kate e Gerry, ambos médicos, foi fulcral para a propaganda feita. O contacto do casal, imediatamente após o desaparecimento da filha, com pessoas importantes em Inglaterra, chegando mesmo ao Primeiro-ministro Britânico, Gordon Brown, desenvolveu toda uma teia de ligações que permitiram uma massiva divulgação do sucedido em Portugal. O elevado estatuto social dos McCann também condicionou o pensamento das pessoas aquando da suspeita da Polícia Judiciária do envolvimento do casal no desaparecimento de Maddie. Por outras palavras, ideologicamente, seria quase pecado pensar que dois médicos, pessoas “de bem”, fossem constituídos arguidos e, por isso, os McCann mereciam toda a misericórdia dos portugueses e da imprensa inglesa. Contudo, mais tarde, assistimos ao reverso da medalha, isto porque os pais de Maddie foram constituídos presumíveis culpados alguns meses depois. E aí começam a surgir questões como a pouca emoção demonstrada pelos pais e, até, o facto de Kate andar sempre elegante e bonita, mesmo após o desaparecimento da filha, passou a ser comentado. Como se para as pessoas isso aumentasse ainda mais as culpas dos pais no desaparecimento da menina.Outro factor considerado importante é o envolvimento dos meios de comunicação social estrangeiros. A imprensa, em geral, pegou na história e deu-lhe continuidade, mesmo nas alturas em que não havia nada de novo para dizer, entrando pelas nossas casas adentro com directos nulos, que não acrescentavam nada de novo e às vezes eram apenas para citar o que foi dito nos outros meios de comunicação social, o que demonstrava que se queria manter à viva força esta história.Após o sucedido, a 3 de Maio, houve uma espécie de processo de arrastamento. A imprensa inglesa deu seguimento à história e os meios de comunicação social portugueses não podiam ignorar uma história que se passava no seu país e à qual estava a ser dada tanta importância no estrangeiro. E assim se sentiram obrigados a ir atrás: se a imprensa inglesa, considerada conceituada e séria a nível mundial, segue a história, porque razão nós, portugueses, não iremos seguir também? O sucesso deste caso jornalístico provém igualmente daí, se assim não fosse não teria atingido as proporções que atingiu.Para finalizar, um factor não menos importante, é a crise de vendas da imprensa escrita que há muito se faz sentir. Um caso como este, que joga com as emoções das pessoas e onde a barreira entre o amor-ódio é muito ténue, vende e vende muito. Os seguidores desta “novela” esperam ansiosamente pelos próximos episódios e como tal procuram tudo o que lhes satisfaça a curiosidade, e nada melhor do que os jornais para explicar tudo até ao ínfimo pormenor. Desta forma, a imprensa escrita aproveitou ao máximo para sair do sufoco em que se encontrava e, dia após dia, foi correspondendo às expectativas e satisfazendo as curiosidades dos fãs do “Caso Maddie”. Em alguns jornais deu-se uma grande importância ao acontecimento, como foi o caso do 24 Horas e, noutros, falou-se esporadicamente, como por exemplo O Publico, mas a verdade é que todos falavam da história.O surgimento na televisão de personalidades como Cristiano Ronaldo e David Beckham em apelo ao aparecimento de Maddie torna o caso ainda mais mediático. Toda a gente fala e toda a gente quer saber das últimas notícias sobre Madeleine McCann. De manhã à noite não se fala de outra coisa: Maddie, Maddie e mais Maddie. Agora pergunto: será que com todo este entusiasmo em relação ao “Caso Maddie” os meios de comunicação social não se esqueceram de transmitir outras notícias importantes? Acredito que nesses oito meses aconteceram outras coisas tão ou mais relevantes do que o desaparecimento de uma criança. No entanto, quando olho para trás só me lembro do “Caso Maddie”. O que me leva a concluir que os meios de comunicação social há muito deixaram de desempenhar apenas a sua função básica de “por em comum”, dizendo-nos, hoje em dia, em que devemos pensar e como devemos pensar.